terça-feira, 20 de maio de 2008

EXCLUSIVO:CENAS DO CAPÍTULO DE DUAS CARAS DESTA QUARTA

FERRAÇO CHORA NOS BRAÇOS DA MÃE!

Vai acontecer nesta quarta-feira o tão ansiado encontro entre Ferraço e o seu passado. Num cartório em Igarassu, Pernambuco, onde um dia foi registrado como Juvenaldo Ferreira de Sousa, ele descobre que a mãe ainda é viva, e vai atrás dela no mocambo onde ela mora, numa praia paradisíaca.

CENA 2/

igarassu/ ambiente. Exterior/ Dia.

E o que temos aqui é a luz sobre-exposta de Igarassu, enquanto a CAM vem num travelling até parar, e mostrar a cena a meia distância: a velha rendeira, Ferraço, Renato e a mulher, todos parados diante do casebre, a compor um quadro. E a luz explode de novo, como se fosse o flash de uma máquina fotográfica cegando a todos...

CENA 3/

igarassu/ casa/ Exterior/ Dia.

Atenção Sonoplastia: não há nenhum fundo musical, nenhuma ruído nesta cena inteira!!! Só as vozes dos atores e o silêncio. Além disso, só e se houver, mas muito ao fundo, o vento e as ondas do mar.

Um instante no momento de expectativa e estranhamento de todos. A velha pára de fazer rendas e fica a apreciar. Ferraço e a mãe se olhando. Renato no auge do suspense, ele e a velha não se mexem. Alice dá alguns passos em direção a Ferraço, sem se aproximar muito, e só então murmura.

ALICE — (murmura) Você disse... mãe?...

FERRAÇO — Disse...

ALICE — (desconfiada) E você é meu filho?...

FERRAÇO — É o que diz na minha certidão de nascimento...

Alice dá mais uns passos olhando Ferraço, talvez tentando reconhecer nele um dos filhos que jamais viu adulto, até que pára e então fala exaltada:

ALICE — Não tenho filhos! Tive muitos, não me restou um... O desgramado do pai vendeu todos, um por um ele vendeu! Chorei, briguei... Gilvan só dizia que morrer de fome ele não ia... Morreu de tanto beber cachaça, o cabra. E eu só não morri ainda de tristeza porque Deus não quis. Eles começavam a ficar um pouco mais taludinhos, e meu coração apertava... já sabia que ia perder mais um. Dos filhos que tive, os que não morreram foram todos vendidos pelo pai...

FERRAÇO — Foi o que aconteceu comigo...

Alice dá mais uns passos, ficando mais próxima de Ferraço. Instantes. Os dois se olhando, ela tentando advinhar qual dos filhos ele é, e ele querendo descobrir a mãe naquela mulher. A tensão e o suspense cada vez maior.

ALICE — (suspira) Não consigo saber... qual deles você é?...

FERRAÇO — Eu sou o Juvenaldo...

ALICE — (tenta lembrar do menino) Juvenaldo... (sorri) Era o meu mais velho... (sorrindo) o primeiro que vingou... (dá um sorriso) Naldinho... (entristece) foi o primeiro dos meus filhos que Gilvan vendeu.

Ferraço desmorona, se quebra por inteiro, e cai num pranto incontrolável e convulsivo. E chora o que não chorou a vida inteira. Chora de pena de si mesmo, chora por tudo que sabe que não teve. Chora de pena daquela mulher que não viu um filho se tornar adulto, nem adolescente. Renato imóvel, vendo o sofrimento do pai, as lágrimas escorrem por seu rosto, mas ele não consegue sair do lugar. Alice olha para Renato. PV de Alice vendo Renato paralisado olhando o pai, PV de Alice vendo Ferraço aos prantos. E ela dá os últimos passos, chegando à distância de poder levar sua mão até tocar, sem jeito, o peito do filho.

ALICE — (murmura) Meu filho...

E Alice agora desmorona, e se abraça ao filho chorando toda a sua dor.

ALICE — (chorando, murmura) Juvenaldo... meu filho...

Renato se aproxima dos dois, que seguem chorando abraçados, e pega na mão de Ferraço. E as lágrimas escorrem pelo rosto de Renato.

Ali do lado a velha, sentada diante de sua almofada de bilros, continua a tecer, tecer, tecer...

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